Os conselhos de Toni

Um jovem professor suíço não sabia o que fazer: embarcar num projeto de desenvolvimento na América do Sul ou continuar a carreira acadêmica na Suíça? Pediu os conselhos de Toni Zweifel, que respondeu com umas ideias que podem ajudar a todos à hora de tomar decisões importantes.

Toni tinha um modo de ser sereno, pacífico, profundo, que atraía as pessoas jovens. No final dos anos setenta, um jovem estudante de Direito conheceu-o por ocasião de um curso na Tschudiwiese; procurou-o algumas vezes na sede da Fundação. Tratava-se de Carlo Graziani, professor ajudante na Universidade de Berna, que duvidava entre fazer um curso acadêmico ou algo diferente, relacionado ao desenvolvimento da América Latina. Ele mesmo relata aquela conversa que tiveram durante um almoço num restaurante próximo do escritório de Toni:

“Ele me ouviu e me disse – cito de memória – mais ou menos o seguinte: ‘Compreendo a sua situação, mas não posso dizer se você deve ir à América do Sul ou não, mesmo que você me contasse cem vezes a sua vida. Você saberá sempre muito mais do que eu sobre você mesmo. Deve tomar essa decisão pessoalmente, não posso tomá-la por você, mesmo com a melhor boa vontade. Só posso dizer-lhe uma coisa: considere as diferentes possibilidades, com calma e serenidade, de forma alguma aborrecido ou exaltado. Peça luz a Deus.

Se chegar à conclusão de que o melhor é ir para a América do Sul, vá tranquilamente. E leve em conta o seguinte: uma vez tomada a decisão, está tomada.

Pode ser que daqui a alguns anos você se veja na situação de ter que decidir outra vez; volte então a fazê-lo livremente, depois de ter considerado bem as coisas, sem ter, porém, a impressão de que antes você errou ou cometeu uma tolice, porque isso não lhe traria nada. Decida sem se ver oprimido por uma decisão anterior, como por uma hipoteca’.

Com esse conselho, fui para a América do Sul.

Passaram desde então dezesseis anos. Casei-me em Lima e moro atualmente em Montevideo, onde nasceram nossos quatro filhos. Minha situação profissional é instável e voltei à Suíça com a intenção de acabar minha tese de doutoramento. Nos próximos meses devo decidir de novo onde ficar para poder cumprir melhor meus deveres de pai de família. O conselho de Toni continua tão vivo em minha memória como então. E peço agora a sua intercessão por essa intenção.”


Episódio relatado no livro “Toni Zweifel. Huellas de una historia de amor” de Agustín López Kindler.