Servir ao próximo como Maria

No dia 15 de agosto, Solenidade da Assunção da Virgem Maria em Roma (no Brasil, será celebrada no domingo, 20), o Papa Francisco refletiu sobre “o serviço e o louvor”, inspirando-se em Nossa Senhora.

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje, Solenidade da Assunção da Virgem Maria, contemplamos sua assunção em corpo e alma à glória do Céu. O Evangelho de hoje também apresenta Maria enquanto “sobe”, dessa vez para uma “uma região montanhosa (Lc 1,39). E por que ela sobe? Para ajudar sua prima Isabel, e lá ela proclama o alegre cântico do Magnificat. Maria sobe e a Palavra de Deus nos revela o que a caracteriza em sua subida: o serviço ao próximo e o louvor a Deus. Ambos: Maria é a mulher que serve ao próximo e Maria é a mulher que louva a Deus. O evangelista Lucas, além disso, narra a própria vida de Cristo como uma ascensão para cima, em direção a Jerusalém, o lugar da doação de si mesmo na cruz, e também descreve a jornada de Maria da mesma forma. Em suma, Jesus e Maria percorrem a mesma estrada: duas vidas que sobem, glorificando a Deus e servindo seus irmãos e irmãs. Jesus como o Redentor, que dá a sua vida por nós, para a nossa justificação; Maria como a serva que sai para servir: duas vidas que vencem a morte e ressuscitam; duas vidas cujos segredos são o serviço e o louvor. Vamos nos deter nesses dois aspectos: serviço e louvor.

serviço. É quando nos abaixamos para servir os nossos irmãos que subimos: é o amor que eleva a vida. Vamos servir nossos irmãos e irmãs e, com esse serviço, vamos “para cima”. Mas servir não é fácil: Nossa Senhora, que acabou de conceber, viaja quase 150 quilômetros de Nazaré até chegar à casa de Isabel. Ajudar custa, a todos nós. Sempre experimentamos isso no cansaço, na paciência e nas preocupações que o cuidado com os outros acarreta. Pensemos, por exemplo, nos quilômetros que muitas pessoas percorrem todos os dias para ir e voltar do trabalho e realizar muitas tarefas em prol do próximo; pensamos nos sacrifícios de tempo e sono cuidar de um recém-nascido ou de uma pessoa idosa; e no compromisso de servir àqueles que não têm como retribuir, tanto na Igreja quanto no trabalho voluntário. Admiro o trabalho voluntário. É cansativo, mas é subir em direção do alto, é ganhar o céu! Esse é o verdadeiro serviço.

Mas o serviço corre o risco de ser estéril sem o louvor a Deus. De fato, quando Maria entra na casa da sua prima, ela louva o Senhor. Ela não fala do cansaço da viagem, mas do seu coração brota um cântico de júbilo”. Porque quem ama a Deus conhece o louvor. E o Evangelho de hoje nos mostra “uma catarata de louvores”: a criança salta de alegria no ventre de Isabel (cf. Lc 1,44), que pronuncia palavras de bênção e “a primeira bem-aventurança”: “Bem-aventurada aquela que acreditou” (Lc 1,45); e tudo culmina em Maria, que proclama o Magnificat(cf. Lc 1,46-55). O louvor aumenta a alegria. O louvor é como uma escada: eleva os corações. O louvor eleva o espírito e supera a tentação de se abater. Vocês já viram que as pessoas chatas, aquelas que vivem de fofoca, são incapazes de louvar? Perguntem a si mesmos: eu sou capaz de louvar? Como é bom louvar a Deus todos os dias, e também os outros! Como é bom viver de gratidão e de bênção em vez de lamentações e queixas, levantar o olhar em direção do alto ao invés de ficar de mau humor! As lamentações: tem gente que se lamenta todos os dias. Mas olha que Deus está perto de você, veja que Ele o criou, veja as coisas que Ele lhe deu. Louve, louve! E isso é saúde espiritual.

Serviço e louvor. Vamos nos perguntar: eu vivo meu trabalho e as ocupações diárias com espírito de serviço ou com egoísmo? Eu me dedico a alguém gratuitamente, sem buscar benefícios imediatos? Em suma, faço do serviço o 'trampolim' da minha vida? E pensando no louvor: sei, como Maria, exultar em Deus (cf. Lc 1,47)? Rezo abençoando o Senhor? E, depois de louvá-lo, espalho a sua alegria entre as pessoas que encontro? Cada um procure responder a esses questionamentos.

Que nossa Mãe, Assunta ao Céu, nos ajude a subir cada dia mais alto por meio do serviço e do louvor.

Rafael Díaz