No trabalho de cada dia

Insisto: na simplicidade do teu trabalho habitual, nos detalhes monótonos de cada dia, tens que descobrir o segredo - para tantos escondido - da grandeza e da novidade: o Amor.

Para seguir as pegadas de Cristo, o apóstolo de hoje não vem reformar nada, e muito menos desentender-se da realidade histórica que o rodeia... - Basta-lhe atuar como os primeiros cristãos , vivificando o ambiente. (Sulco, 320)

Persevera no cumprimento exato das obrigações de agora. - Esse trabalho - humilde, monótono, pequeno - é oração plasmada em obras que te preparam para receber a graça do outro trabalho - grande, vasto e profundo - com que sonhas. (Caminho, 825)

Transformar a prosa desta vida em poesia heroica

Ao retomares a tua ocupação habitual, escapou-te como que um grito de protesto: sempre a mesma coisa! E eu te disse: - Sim, sempre a mesma coisa. Mas essa tarefa vulgar - igual à que realizam os teus colegas de trabalho - deve ser para ti uma contínua oração, com as mesmas palavras entranháveis, mas cada dia com música diferente. É missão muito nossa transformar a prosa desta vida em decassílabos, em poesia heroica. (Sulco, 500)

Gosto do teu lema de apóstolo: “Trabalhar sem descanso”. (Caminho, 373)

O que sempre ensinei — desde há quarenta anos — é que todo o trabalho humano honesto, intelectual ou manual, deve ser realizado pelo cristão com a maior perfeição possível: com perfeição humana (competência profissional) e com perfeição cristã (por amor à vontade de Deus e a serviço dos homens). Porque, feito assim, esse trabalho humano, por mais humilde e insignificante que pareça, contribui para a ordenação cristã das realidades temporais — a manifestação de sua dimensão divina — e é assumido e integrado na obra prodigiosa da Criação e da Redenção do mundo: eleva-se assim o trabalho à ordem da graça , santificando-se, converte-se em obra de Deus, operatio Dei, opus Dei.

Ao recordar aos cristãos as palavras maravilhosas do Gênesis — que Deus criou o homem para que trabalhasse —, fixamo-nos no exemplo de Cristo, que passou a quase totalidade da sua vida terrena trabalhando numa aldeia como artesão. Amamos esse trabalho humano que Ele abraçou como condição de vida, cultivou e santificou. Vemos no trabalho — na nobre fadiga criadora dos homens — não só um dos mais altos valores humanos, meio imprescindível para o progresso da sociedade e para o ordenamento cada vez mais justo das relações entre os homens, mas também um sinal do amor de Deus para com as suas criaturas e do amor dos homens entre si e para com Deus: um meio de perfeição, um caminho de santificação. (Entrevistas a Mons. Escrivá, 10)