“Todos necessitamos da misericórdia de Deus”

"Uma vez, ouvi um provérbio tão bonito: 'não há santo sem passado, e não há pecador sem futuro'. É bonito isso, isto é o que faz Jesus" - são palavras do Papa Francisco ao explicar que todos precisamos da misericórdia de Deus.

“Todos necessitamos da misericórdia de Deus, origem da nossa salvação”, disse Francisco. Mateus era coletor de impostos e, por isso, um pecador público. Contudo, sua verdadeira vocação se confirma com o chamado do Mestre, porém isso não o torna perfeito.

“É verdade que ser cristão não nos faz impecáveis. Como Mateus, o publicano, cada um de nós se entrega à graça do Senhor apesar dos próprios pecados. Todos somos pecadores, todos pecamos. Uma vez, ouvi um provérbio tão bonito: não há santo sem passado, e não há pecador sem futuro. É bonito isso, isto é o que faz Jesus”, recordou o Pontífice.

Muro que nos separa de Deus

Todavia, recordou Francisco, é preciso superar uma barreira que nos afasta de Deus e que, por muitas vezes, parece intransponível:

“A vida cristã é uma escola de humildade que se abre à graça. Tal comportamento não é compreendido por quem tem a presunção de se achar ‘justo’ e melhor do que os outros. Soberba e orgulho não permitem que reconheçamos a nossa necessidade de salvação, aliás, impede de ver o rosto misericordioso de Deus e de agir com misericórdia. São um muro, a soberba e o orgulho, são um muro que impedem a relação com Deus”.

Os pecadores, todos, sem exclusão – reforçou o Papa – também têm a oportunidade de serem curados pelo poder “restaurador de Deus” que não conhece limites. “E isso nos deve dar confiança para que Jesus venha e nos cure!”, exclamou o Pontífice.

Médico Divino

Francisco refletiu então sobre Jesus que se apresenta como Médico Divino, com dois medicamentos que restauram e nutrem: a Palavra e a Eucaristia.

“Com a Palavra, Ele se revela e nos convida a um diálogo entre amigos: Jesus não tinha medo de falar com os pecadores, os publicanos, as prostitutas. Não tinha medo, amava todos”, disse o Papa ao advertir:

“Às vezes, esta Palavra é dolorosa porque incide sobre as hipocrisias, desmascara as falsas desculpas, traz à tona as verdades escondidas; mas ao mesmo tempo ilumina e purifica, dá força e esperança, é um reconstituinte preciso no nosso caminho de fé”.

Religiosidade de fachada

O segundo bálsamo para o arrependimento sincero do coração cristão é a Eucaristia que “nos nutre com a própria vida de Jesus e, como um potentíssimo remédio, de maneira misteriosa renova continuadamente a graça do nosso Batismo”.

Ao concluir, Francisco voltou ao cenário de Jesus que dialoga com os fariseus para recordar que, apesar da aliança com Deus e da misericórdia, as orações de Israel eram incoerentes e cheias de palavras vazias, uma ‘religiosidade de fachada’:

“‘Misericórdia é que eu quero’, ou seja, a lealdade de um coração que reconhece os próprios pecados, que se arrepende e volta a ser fiel à aliança com Deus. ‘E não sacrifício’: sem um coração arrependido, toda ação religiosa é ineficaz”.

Aos peregrinos de língua portuguesa

O Santo Padre saudou também os peregrinos de língua portuguesa:

“De coração saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, particularmente os brasileiros de Uberaba e Uruaçu. Queridos amigos, abandonemos a presunção de nos crermos mais justos e melhores do que os outros; ao contrário, reconheçamos que somos todos discípulos e pecadores necessitados de ser tocados pela misericórdia de Deus. Sobre vós e sobre vossas comunidades, desça a benção do Senhor!”

Viagem à Lesbos

No final da audiência o Papa Francisco convidou os fiéis a rezarem pela sua visita aos refugiados na ilha grega de Lesbos no próximo sábado dia 16 de abril:

“No próximo sábado irei à Ilha de Lesbos, onde nos passados meses transitaram muitíssimos refugiados. Irei juntamente com os meus irmãos o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu e o Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia Hieronymos, para exprimir proximidade e solidariedade seja aos refugiados seja aos cidadãos de Lesbos e a todo o povo grego, tão generoso no acolhimento. Peço, por favor, que me acompanhem com a oração, invocando a luz e a força do Espírito Santo e a materna intercessão da Virgem Maria.”

Radio Vaticana/News.va