Resposta a declarações do diretor do filme ‘O Código Da Vinci’

Comunicado de Imprensa em que Manuel Sánchez Hurtado, do Escritório de Informação do Opus Dei em Roma, comenta alguns artigos publicados pela imprensa italiana.

«A imprensa italiana publicou ontem (dia 10/05) algumas entrevistas dadas por Ron Howard, diretor do filme Da Vinci Code (O Código Da Vinci). Em algumas frases que se lhe atribuem, Howard afirma que “negar o direito de ver o filme é um ato fascista”, e também que “dizer a alguém que não vá ver o filme é um ato de militância e a militância gera ódio e violência”. Nessas entrevistas se menciona várias vezes o Opus Dei. As frases parecem referir-se às recentes declarações de algumas autoridades da Igreja.

Atrevo-me a rogar a Ron Howard que mantenha a serenidade e se expresse com respeito.

Convém não perder de vista a realidade da situação: este filme é ofensivo para os cristãos, Howard representa o agressor e os católicos são vítima de uma ofensa. Não se pode tirar do agredido até mesmo seu último direito, o de expressar seu ponto de vista. Não são as declarações de alguns eclesiásticos ou a petição respeitosa do Opus Dei de incluir uma advertência no começo do filme de que se trata de uma ficção, as que geram violência: são antes os relatos odiosos, falsos e injustos, os que alimentam o ódio.

Em suas declarações, Howard repete também que se trata simplesmente de um filme, uma história inventada, e que não há que levá-la muito a sério. Mas não é possível negar a importância do cinema e da literatura. A ficção influi em nosso modo de ver o mundo, sobretudo nos jovens. É falta de seriedade não levá-la a sério. Certamente, a criatividade artística necessita de um clima de liberdade, mas a liberdade não pode ser separada da responsabilidade.

Imagine você um filme que conte que a Sony está por trás dos atentados das Torres Gêmeas, que promoveu porque queria desestabilizar os Estados Unidos. Ou ainda um romance que revele que a Sony pagou ao pistoleiro que disparou no Papa na Praça de São Pedro em 1981, porque queria opor-se à liderança moral do Santo Padre. São apenas estórias inventadas. Suponho que a Sony, uma empresa respeitável e séria, não estaria contente ao ver-se retratada deste modo nas telas e que não ficaria satisfeita com uma resposta do tipo: “não se preocupe, é só uma ficção, não se deve levá-la muito a sério, a liberdade de expressão é sagrada”.

De qualquer forma, aqueles que participaram no projeto do filme não têm motivos para preocupar-se. Os cristãos não reagirão com ódio nem violência, mas com respeito e caridade, sem insultos nem ameaças. Podem continuar tranquilos calculando o dinheiro que arrecadará o filme. Porque a liberdade do benefício econômico parece a única liberdade sagrada de verdade, a única isenta de toda responsabilidade. É provável que ganhem muito dinheiro, mas estão pagando um grande preço ao deteriorarem seu prestígio e sua reputação.

Espero que a polêmica desses meses não seja estéril, que sirva para refletir sobre o caráter relativo do benefício econômico quando estão em jogo valores mais altos; sobre a importância da ficção; sobre a responsabilidade que acompanha e protege sempre a liberdade”.

O plano de comunicação do Escritório neste caso pode ser encontrado na página web do Opus Dei. Lá se explica com detalhe a posição mantida nesses meses.»

Manuel Sánchez Hurtado, responsável pelas relações com a imprensa internacional. Escritório de Informações do Opus Dei em Roma.

    Escritório de Informação do Opus Dei em Roma