Mons. Ocáriz: “É de Cristo que devemos falar, não de nós mesmos”

No último dia da viagem pastoral ao norte da Itália, o prelado do Opus Dei teve vários encontros, em que animou os assistentes a aproximar os amigos a Deus. "É impossível procurar a santidade sem comunicá-la”

Viagem pastoral de Mons. Fernando Ocáriz na Itália

21 e 22 de agosto23 de agosto24 de agosto25 de agosto


Às 11 horas da manhã, mons. Fernando Ocáriz visitou o Arcebispo de Milão, Cardeal Angelo Scola, acompanhado pelo Vigário do Opus Dei para a Itália, Matteo Fabbri. Depois o prelado quis rezar na catedral. Passou uns momentos rezando diante do Sacrário e acendeu uma vela votiva para a Madonna dell'Aiuto (Nossa Senhora da Ajuda) e rezou diante dos túmulos de três arcebispos de Milão: o Bem-Aventurado Idelfonso Schuster - que conheceu São Josemaria e impulsionou o trabalho apostólico do Opus Dei na cidade - o Cardeal Carlo Maria Martini, arcebispo de Milão de 1979 a 2002, e o Cardeal Dionigi Tettamanzi, falecido no último 5 de agosto.

A vocação é uma luz que indica o caminho e uma força que permite percorrê-lo todos os dias

Mais tarde, mons. Ocáriz teve um encontro com fiéis da Prelazia no centro Porta Vercellina. Também cumprimentou as pessoas que trabalham na administração doméstica da residência universitária Torrescalla. "A vocação é uma luz que indica o caminho e uma força que permite percorrê-lo todos os dias", disse o prelado em uma das reuniões. E acrescentou: "A vocação ao Opus Dei não é um aspecto da vida que envolve certos compromissos: meios de formação, atividades apostólicas, etc.", mas para os que seguem este caminho vocacional na Igreja, "tudo pode e deve ser Opus Dei, porque tudo pode e deve ser um encontro com Deus".

Fotos do prelado na Itália

No último encontro do dia, o prelado incentivou a transmitir a alegria do encontro com Jesus Cristo: "Encontrar Jesus no trabalho e na família é inseparável de tentar transmiti-lo aos outros. É impossível procurar a santidade sem comunicá-la”. Mons. Ocáriz explicou que, além de rezar pelas pessoas, também devemos falar com elas sobre Deus, transmitir-lhes o que temos dentro: “Isso é o apostolado de amizade e confidência. Para levar Cristo aos outros, o que é necessário é a amizade, transmitir o que temos”. E recordou, citando São Josemaria: "É de Cristo que devemos falar, não de nós mesmos".

Monsenhor Ocáriz lembrou aos pais a importância de fomentar em seus filhos o desejo de servir os outros: "Quando uma criança tem a oportunidade de ajudar uma pessoa pobre, fica feliz e descobre algo novo. E assim também conseguimos que não sejam dominados pelas coisas materiais".

Na manhã do dia 26 de agosto, Monsenhor Ocáriz terminou a viagem pastoral ao norte da Itália e viajou para a cidade francesa de Marselha.

24 de agosto

Em uma reunião com sacerdotes de várias dioceses italianas, o prelado recordou que o sacerdócio é uma missão: “fomos enviados pelo Senhor, que quer agir através desses instrumentos que somos nós. Trabalhemos com fé e esperança, procuremos nos entregar aos outros com generosidade, sem cálculos humanos, colocando Jesus Cristo no centro de todas as nossas atividades”. “Somos eficazes para atender às necessidades da Igreja e do mundo”, disse Mons. Fernando Ocáriz, “também quando parece que os frutos demoram para chegar”. O prelado animou os presentes a rezar pelo Papa, “fundamento visível da unidade de fé da Igreja”.

A beleza da vocação cristã

Mais tarde, Mons. Ocáriz participou de vários encontros com jovens universitários de diversas cidades italianas. Animou-os a cuidar da “beleza da vocação cristã”, que consiste na “identificação completa com Jesus”, uma tarefa que nunca termina. Aconselhou os jovens a colocar “Jesus no centro das nossas vidas”. Deus, “ama cada pessoa pessoal e infinitamente”, e conta com “a nossa liberdade em tudo, especialmente nas decisões sobre o rumo de nossas vidas”, acrescentou Mons. Ocáriz. Outro tema do encontro foi a verdadeira felicidade: “Não há modo mais seguro de ser infeliz do que pensar em si mesmo e no próprio conforto, e, inversamente, não existe uma maneira mais segura de ser feliz do que ser generosos com os outros, porque é o amor que dá a verdadeira felicidade, o amor a Deus e aos outros”, comentou.


"É o amor que dá a verdadeira felicidade, o amor a Deus e aos outros"

O prelado também se reuniu com várias famílias, e falou sobre múltiplos desafios: a educação dos filhos, o cuidado dos idosos, o acompanhamento dos novos casais, como enfrentar as contrariedades e sofrimentos que as famílias podem ter.

No último encontro do dia, o prelado convidou a considerar as dificuldades diárias como “um dom de Deus”. É o que o Senhor diz à Samaritana no Evangelho de São João: “Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’”. Mons. Ocáriz animou a descobrir o rosto de Jesus por trás de cada uma destas circunstâncias.


23 de agosto

De manhã, o prelado celebrou na paróquia de san Gioachimo a Missa por Maria Dolores Jiménez, uma das pessoas do Opus Dei que começou as atividades apostólicas em Milão.

“Estamos refletindo hoje sobre o mistério da vida e da morte dos filhos e filhas de Deus”, disse na sua homilia. “Esta é a luz que, apesar da nossa dor, hoje brilha gloriosamente. Agora nos atrevemos inclusive a agradecer a Deus: obrigado, Senhor, porque na vida desta sua filha, brilha um raio da Sua vida. Obrigado, porque, nesses dolorosos momentos de separação, aprendemos como viver de verdade a vida nesta terra: não como quem procura um sucesso efêmero e superficial, mas como alguém que entendeu profundamente que Deus nunca se deixa ganhar em generosidade. Vale a pena viver a própria vida entregando-a pelos outros”.

Antes de sair para a casa de retiros “Castelo de Urio”, perto de Milão, o prelado pôde cumprimentar algumas famílias. “Fez-me lembrar – conta Cristina, que mora em La Spezia – que eu não sou da Obra, mas que sou a Obra na minha cidade, no meu bairro, na minha família”.

Fez-me lembrar – conta Cristina, que mora em La Spezia – que eu não sou da Obra, mas que sou a Obra

O Prelado pediu a todos que rezem muito pelo Papa Francisco. “O Papa tem um grande peso sobre os ombros: problemas, dificuldades, situações complexas a serem resolvidas em um contexto às vezes hostil à Igreja, de verdadeira perseguição, e conta muito com a nossa ajuda. Por esta razão, ele sempre pede: ‘Reze por mim!’ Não é só uma frase que repete sem pensar, não: realmente precisa desta oração, porque a Igreja não é responsabilidade apenas dos sacerdotes, mas de todos, e o Papa é o chefe visível da Igreja”.

No “Castelo de Urio”, o prelado teve um encontro com algumas pessoas do Opus Dei que estão passando uns dias formação e descanso. Recordou-lhes a importância da leitura frequente do Novo Testamento, desde o Evangelho de São Mateus até o livro do Apocalipse: “Quando terminarem, comecem novamente com São Mateus porque sempre teremos novas luzes para descobrir, mesmo que já conheçamos esses textos”, disse.

O importante é a juventude da alma e esta só o amor pode dar

Mons. Fernando Ocáriz falou sobre a importância da coerência na vida cristã: “Viver o Evangelho no cumprimento dos próprios deveres traz sempre benefícios sociais. Viver como cristãos no meio do mundo, esta é uma verdadeira revolução, sem nenhum tipo de violência”. Também enfatizou a importância de receber formação humana e cristã, seja qual for o nível cultural de cada pessoa. “Um cristão, uma pessoa do Opus Dei, nunca deveria sentir-se sozinho, mesmo que estivesse no deserto do Saara, porque se está unido a Cristo, estará unido através da comunhão dos santos a todos e em todos os lugares”.

Em outra das reuniões deste dia, Gabriella, uma das primeiras italianas do Opus Dei, perguntou ao prelado: “E o que nos diz sobre a velhice?” “Não existe”, disse Mons. Ocáriz brincando “o importante é a juventude da alma e esta só o amor pode dar”. Maria, a primeira numerária suíça também estava presente neste encontro, e perguntou como se comportar quando você mora com pessoas muito mais jovens e tem a sensação de que sempre lhe dizem o que deve fazer: “O que você fizer, faça apenas por amor. Não podemos pensar em fazer com alegria só as coisas de que gostamos; mas podemos encontrar alegria ao fazer o que não gostamos ou o que nos contraria, se o fizermos por amor”.


21 e 22 de agosto

O prelado chegou a Milão no final da tarde de 21 de agosto e imediatamente foi ao velório de Maria Dolores Jiménez, que tinha falecido algumas horas antes da sua chegada. Maria Dolores foi uma das primeiras pessoas do Opus Dei a começar o trabalho apostólico em Milão.

Na manhã do dia 22 de agosto, o prelado celebrou uma missa a que assistiram as diretoras da Assessoria Regional do Opus Dei na Itália. Na homilia da Missa de Nossa Senhora Rainha, lembrou que “Nossa Senhora é a Rainha do mundo e do Universo, e tem sempre um papel de mediadora, porque é ela que distribui todas as graças do Céu. Não importa o tamanho das dificuldades que tivermos, sempre temos essa Rainha ao nosso lado”.

Depois o prelado teve um encontro com um grande grupo de jovens que recebem formação espiritual nos Centros de Prelazia em algumas cidades do norte da Itália. Eleonora, uma doceira de 28 anos, pediu a Mons. Ocáriz um conselho para levar a fé aos amigos que se afastaram de Deus. “Mais do que discutir ou debater sobre Deus”, respondeu, “o importante é a amizade. Na amizade, transmitimos carinho e compartilhamos o que temos dentro de nós. Você pode contar, por exemplo, que depois Confissão você sempre está muito feliz... se for verdade!”

Transformando a vida em um ato de amor

O prelado também cumprimentou várias famílias, que pediram orações por muitas intenções. Em troca, pediu-lhes que rezem por ele e recomendou que cultivassem a unidade entre o casal e com os filhos, e a amizade com outras famílias.

"Uma pessoa que faz coisas por obrigação não pode ser feliz. A liberdade de espírito implica fazer tudo por amor"

Em outra reunião, o prelado lembrou algumas palavras de São Josemaria, que dizia que deixaria como herança para os fieis do Opus Dei “o amor à liberdade e o bom humor”. “Uma pessoa que faz coisas por obrigação não pode ser feliz. A liberdade de espírito implica fazer tudo por amor. Se uma pessoa não se sente livre, precisa pensar como mudar e tentar transformar tudo o que faz em um ato de amor”.

Depois, o prelado foi à paróquia de San Gioachimo, que a Arquidiocese de Milão confiou há três anos à atenção pastoral dos sacerdotes do Opus Dei. O prelado convidou as famílias presentes a agradecer a Deus por poder servir à Igreja de várias maneiras, ajudando na paróquia. Também lembrou que o Santo Padre precisa de cada um para ajudá-lo a sustentar o peso da Igreja. No final, Mons. Ocáriz pediu orações pelo cardeal Angelo Scola e pelo seu sucessor na Igreja de Milão, Monsenhor Delpini.