O Papa explica as 'discussões' durante o Sínodo da família

​Durante o Sínodo da família, muitas pessoas se assustaram pensando que havia uma disputa entre os bispos. O Papa Francisco explica que isso é normal: "quando se procura a vontade de Deus, numa Assembleia sinodal, existem diversos pontos de vista e há debate".

Vídeo com palavras do Papa em diversas ocasiões, explicando o que é o Sínodo, porque é importante que os bispos possam falar com liberdade, o papel do Papa, etc.

No Sínodo não houve censura prévia

"Antes de tudo, pedi aos Padres sinodais que falassem com franqueza e coragem, e que ouvissem com humildade, dizendo com coragem tudo aquilo que tinham no coração. No Sínodo não houve censura prévia, mas todos podiam — melhor, deviam — dizer o que tinham no coração, o que pensavam sinceramente. «Mas isto provocará discussão!». É verdade, ouvimos como discutiam os Apóstolos. Diz o texto: houve um forte debate [1]. Os Apóstolos discutiam entre si, porque buscavam a vontade de Deus sobre os pagãos, se eles podiam ou não entrar na Igreja. Era uma novidade. Sempre, quando se procura a vontade de Deus, numa Assembleia sinodal, existem diversos pontos de vista e há debate, mas isto não é feio, contanto que seja feito com humildade e espírito de serviço à comunidade fraterna. A censura prévia teria sido algo negativo. Não, cada um devia dizer o que pensava".

Audiência geral 10/12/2015

Um sínodo sem liberdade não é um sínodo

"A senhora perguntou-me sobre a liberdade. Um sínodo sem liberdade não é um sínodo. É uma conferência. Ao contrário, um sínodo é um espaço protegido no qual o Espírito Santo pode agir. E por isso as pessoas devem ser livres.

Por isto me oponho à publicação do que cada um diz com nome e sobrenome. Não, que não se saiba que foi ele que disse, que se saiba o que foi dito, não tenho problema mas não quem disse, de modo que se sinta livre de dizer o que deseja."

Entrevista a Televisa, março de 2014

Uma Igreja em litígio?

"Muitos comentadores, ou pessoas que falam, imaginaram ver uma Igreja em litígio, na qual uma parte está contra a outra, duvidando até do Espírito Santo, o verdadeiro promotor e garante da unidade e da harmonia na Igreja. O Espírito Santo, que ao longo da história sempre guiou a barca, através dos seus Ministros, mesmo quando o mar se mostrava contrário e agitado, e os ministros eram infiéis e pecadores".

Discurso do Santo Padre no encerramento do Sínodo, 17/10/2014

A visão da mídia

"Durante o Sínodo, os mass media fizeram o seu trabalho — havia muita expectativa, muita atenção — e agradecemos-lhe, porque trabalharam abundantemente, difundindo numerosas notícias! Isto foi possível graças à Sala de Imprensa, que cada dia realizou um briefing. Mas muitas vezes a visão dosmass media era um pouco segundo o estilo das crônicas esportivas ou políticas: falava-se com frequência de dois grupos, pró e contra, conservadores e progressistas, etc."

O Sínodo é um espaço protegido, para que o Espírito Santo possa agir

Devemos saber que o Sínodo não é um parlamento, onde vem o representante desta Igreja, dessa Igreja, daquela Igreja... Não, não é assim! Sim, vem o representante, mas a estrutura não é parlamentar, é totalmente diversa. O Sínodo é um espaço protegido, para que o Espírito Santo possa agir; não houve oposição entre facções, como num parlamento onde isto é lícito, mas um confronto entre os Bispos, depois de uma longa tarefa de preparação, e que agora continuará com outro trabalho, para o bem das famílias, da Igreja e da sociedade. É um processo, é o normal caminho sinodal.

Audiência geral 10/12/2015

Tudo aconteceu «cum Petro et sub Petro», ou seja na presença do Papa, que para todos é garante de liberdade e confiança, garante da ortodoxia.

Audiência geral 10/12/2015

[1] O Papa se refere ao primeiro Concílio de Jerusalém, narrado no capítulo 15 do livro dos Atos dos Apóstolos. "Reuniram-se os apóstolos e os anciãos para tratar desta questão. Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse (...). Toda a assembléia o ouviu silenciosamente. Em seguida, ouviram Barnabé e Paulo contar quantos milagres e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios. Depois de terminarem, Tiago tomou a palavra: Irmãos, ouvi-me, disse ele. Simão narrou como Deus começou a olhar para as nações pagãs para tirar delas um povo que trouxesse o seu nome. Ora, com isto concordam as palavras dos profetas (...). Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a comunidade escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé: Judas, que tinha o sobrenome de Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os irmãos".