Paulo VI, o Papa peregrino, será canonizado no dia 14 de outubro

São Josemaria descreveu Paulo VI como um Papa com "preocupação pelos humildes, desejoso de que não falte nada a ninguém."

O Papa Francisco canonizará no dia 14 de outubro o Bem-Aventurado Paulo VI com Dom Oscar Romero; Francesco Spinelli, Sacerdote diocesano; Fundador do Instituto das Irmãs Adoradoras do Santíssimo Sacramento; Vincenzo Romano, Sacerdote diocesano; Maria Caterina Kasper, Fundadora do Instituto das Pobres Servas de Jesus Cristo; e Nunzio Sulprizio, jovem leigo italiano falecido com 19 anos em 1817.

O processo de beatificação de Giovanni Montini começou em 11 de maio de 1993. Em 7 de maio de 2014 foi aprovado um milagre atribuído a sua intercessão. Aconteceu na Flórida (EUA), em 2001. Uma mãe grávida de 5 meses começou a ter problemas e os médicos diagnosticaram que o filho morreria no ventre materno. O médico propôs fazer um aborto, o que a mãe recusou. A avó do bebê colocou uma estampa com relíquia de Pablo VI na barriga da jovem e rezou durante vários dias junto com outros fiéis da sua paróquia. Quinze semanas depois, a criança nasceu sem problemas.

Este grande promotor da família e da vida mostrava assim que continua atuando. "Foi um milagre em sintonia com o magistério do Papa Paulo VI e a defesa da vida, e muito interessante porque nos diz que Deus nos protege desde o seio materno, desde o momento em que a vida começa. Para Deus, a vida humana é um valor não manipulável, não descartável, é um valor, porque Deus nos dá um valor", declarou o Padre Antonio Marrazzo, postulador da causa de canonização de Paulo VI.

Depois da sua eleição como Papa, em 21 de junho de 1963, tomou o nome de Paulo para indicar o seu desejo de difundir a mensagem de Cristo por todo o mundo. Foi o primeiro Papa a visitar os 5 continentes, ganhando o nome de "Papa peregrino". Com suas 10 viagens internacionais, abriu uma nova via, continuada por seus sucessores.

Foi um grande propulsor do ecumenismo. Nesse sentido, destaca especialmente sua viagem a Terra Santa em 1964, aonde se reuniu com o Patriarca de Constantinopla Atenágoras I. Com a revogação dos decretos de excomunhão mútua de 1054, que tinham dado origem ao Cisma do Oriente e Ocidente, o encontro teve como fruto um novo emprenho por restabelecer a unidade entre os cristãos.

Continuou e encerrou o Concílio Vaticano II, iniciado por seu predecessor, São João XXIII. Durante os anos seguintes, empenhou-se em pôr em prática as conclusões conciliares.

Paulo VI e São Josemaria

Recordando a sua chegada a Cidade Eterna em 1946, São Josemaria dizia que Mons. Giovanni Montini, então Substituto da Secretaria de Estado de sua Santidade, foi "a primeira mão amiga que eu encontrei aqui, em Roma". Mons. Montini foi uma das primeiras personalidades da cúria romana que se relacionou com o fundador do Opus Dei naqueles anos em que a novidade da Obra abria caminhos no ambiente eclesial.

Em 21 de novembro de 1965, Paulo VI visitou oCentro Elis, uma obra corporativa do Opus Dei. O Papa se entreteve na visita muito mais tempo que o previsto. Celebrou a Santa Missa, abençoou a imagem de Nossa Senhora destinada à ermida do Campus da Universidade de Navarra e visitou os locais do centro.

Assim se recorda no livro "O homem de Villa Tevere": "Paulo VI mostra-se feliz nesse ato. Lembra-se de que, anos atrás, recém terminada a guerra mundial, passava um dia por esse bairro romano e uns meninos de rua lhe suplicaram:

- Dê-nos trabalho! Dê-nos trabalho!

- Que sabeis fazer?

- Tudo... Bom..., nada.

A resposta não pôde ser mais dilacerante. Agora vê feita realidade uma resposta àquele pedido. E quando Escrivá lhe pede a benção para todos os que estão ali, nesses novos edifícios, Paulo VI propõe-lhe: benediciamo insieme, abençoemos juntos, os dois ao mesmo tempo. Escrivá, comovido por essa delicadeza do Papa, finca os joelhos na terra e abaixa a cabeça.

Momentos depois, quando Paulo VI se despede, já á porta, monsenhor Escrivá torna a ajoelhar-se sobre o chão molhado da chuva, para lhe beijar o anel. Mas o Papa, segurando-o pelos cotovelos, levanta-o com energia e, enquanto o abraça, diz:Tutto, tutto qui è Opus Dei! Tudo, tudo aqui é Opus Dei!"

Novamente em "O homem de Villa Tevere" Pilar Urbano conta que no dia 25 de junho de 1973 o Fundador teve sua última audiência com o Pontífice. O Papa cumprimentou-o afetuosamente. Tinham passado cinco anos desde o último encontro.

- Porque não vem estar comigo mais vezes? Disse o Papa.

Sobreveio um silêncio repentino, que o Fundador dissipou, contando o desenvolvimento da Obra, olhando para ele com admiração, exclamava:

- O senhor é um santo!

- Não, não. Vossa Santidade não me conhece. Eu sou um pobre pecador.

- Não, não. O senhor é um santo, insistia o Papa.

- Na terra só há um santo: o Santo Padre.

Paulo VI e D. Álvaro del Portillo

No dia 24 de Janeiro, o Santo Padre Paulo VI recebe, em audiência privada, o Fundador do Opus Dei. Quase no final da entrevista, diz ao Papa que, lá fora estava o D. Álvaro del Portillo. Paulo VI manda que entre imediatamente.
- Já nos conhecemos faz vinte anos!...
- Santidade, só dezoito.
Da allora sono diventato vecchio (De então para cá tornei-me velho).
Ma no, Santità: è diventato Pietro (Não, Santidade, tornou-se Pedro)".

Numa entrevista, o Bem-aventurado Álvaro recordava uma visita que fez ao Papa Paulo VI pouco tempo depois de ser eleito sucessor de São Josemaria. O Papa cumprimentou-o com muito carinho. "Santidade - disse D. Álvaro - agradeço muito essa saudação, mas peço ao Santo Padre que tenha comigo a caridade de conceder-me a sua Bênção Apostólica e as suas orações. Porque sou o sucessor de um santo, e isso não é nada fácil". A resposta de Paulo VI foi: "Agora o santo está no Céu, e ele se preocupa de levar a Obra para frente".