O sínodo sobre a família, uma iniciativa de Deus

Este vídeo apresenta alguns momentos em que o Papa Francisco explica as razões que o levaram a convocar dois Sínodos sobre a família.

Durante um encontro em Manila (Filipinas), disse: "As famílias sempre terão as suas provações, não precisam que lhes junteis mais! Pelo contrário, sede exemplos de amor, perdão e solicitude".

A explicação mais detalhada, sobre a origem do encontro foi durante uma entrevista a Valentina Alazraki (para o canal mexicano Televisa):

"Significa que há uma crise familiar no interior da família. E sob este ponto de vista penso que o Senhor quer que enfrentemos isto: preparação para o matrimônio, acompanhamento dos que convivem, acompanhamento dos que se casam e guiam bem a sua família, acompanhamento dos que tiveram um insucesso na família e têm uma nova união, preparação para o sacramento do matrimônio, pois nem todos estão preparados.

E quantos matrimônios que são fatos sociais mas são nulos! Por falta de fé. Já Bento frisou que a falta de fé e de consciência em relação ao que se faz são problemas graves. A família está em crise.

«Ah, darão a comunhão aos divorciados». Com isto não se resolve nada.

Como integrar na vida da Igreja as famílias replay? Ou seja, as de segunda união que por vezes resultam fenomenais... enquanto as primeiras foram um insucesso. Como reintegrá-las? Que vão à Igreja. Então simplificam e dizem: «Ah, darão a comunhão aos divorciados». Com isto não se resolve nada. O que a Igreja pretende é que tu te integres na vida da Igreja. Mas há quem diga: «Não, eu só quero comungar». Um distintivo, uma honorificência. Não. Deves reintegrar-te.

Há sete coisas que, segundo o direito atual, as pessoas em segundas uniões não podem fazer. Não recordo todas, mas uma é ser padrinho de batismo. Porquê? Que testemunho pode dar ao afilhado? O de dizer: «Repara, querido, na minha vida enganei-me. Agora encontro-me nesta situação. Sou católico. Os princípios são estes. Eu faço isto e acompanho-te». Um verdadeiro testemunho. Mas se vier um mafioso, um delinquente, alguém que matou pessoas mas é casado, para a Igreja pode ser padrinho... São contradições. Há necessidade de integrar. Se creem, mesmo se vivem numa situação definida irregular e a reconhecem e aceitam e sabem o que a Igreja pensa desta condição, não é um impedimento. Quando se fala de integrar entendemos tudo isto. E depois acompanhar os processos interiores".

No final, dei-me conta de que foi o Senhor que quis isto, e quis bem.

O sínodo sobre a família não fui eu que o quis. Foi o Senhor. E foi uma coisa sua. Quando D. Eterović, que era secretário, me trouxe os três temas mais votados disse-me que entre eles o mais votado era a contribuição de Jesus Cristo para o homem de hoje. Está bem, façamo-lo. Era este o título do sínodo. Continuamos a falar da organização e eu disse-lhe: «Façamos o seguinte, ponhamos a contribuição de Jesus Cristo para o homem e a família de hoje». E assim ficou combinado, com a família um pouco em segundo plano. Quando fomos à primeira reunião do conselho pós-sinodal começou-se a falar com aquele título e depois da contribuição de Jesus Cristo para a família, o homem de hoje ficou um pouco fora. E no final foi dito: Não, porque este sínodo sobre a família...» e foi a própria dinâmica que mudou o título. E eu fiquei calado. No final, dei-me conta de que foi o Senhor que quis isto, e quis bem.

Porque a família está em crise. Talvez não as crises mais tradicionais, infidelidades ou como se chama no México a «casa pequena» e a «casa grande». Não. Mas uma crise mais profunda. Vê-se que os jovens não querem casar-se e convivem. Não o fazem por protesto, mas porque hoje são assim. Depois, com o tempo, alguns casam-se até na Igreja.

Observação: versão portuguesa da entrevista publicada no "Osservatore Romano", 19 de março de 2015, páginas 14 a 18).