Misericórdia, liberdade, erro e correção

Na sua catequese o Santo Padre falou sobre misericórdia e a correção do Pai que ajuda os filhos a crescer. Embora ferido, Deus apela à consciência destes filhos, procurando a sua conversão por amor.

Na Sagrada Escritura, aparece Deus também com a amargura de um pai desiludido: gerou e fez crescer filhos, que agora se revoltaram contra Ele. Embora ferido, Deus deixa falar o amor e faz apelo à consciência destes filhos degenerados, para que se convertam e se deixem amar de novo. A missão educativa dos pais tem em vista fazer crescer os filhos em liberdade, torná-los responsáveis, capazes de fazer o bem. Mas, por causa do pecado, a liberdade torna-se pretensão de autonomia absoluta e o orgulho leva à contraposição e à ilusão de auto-suficiência. A consequência do pecado é um estado de desolação geral.

Onde se rejeita Deus e a sua paternidade, não é possível haver vida: a existência perde as suas raízes, tudo acaba pervertido e aniquilado. Mas também esta dolorosa situação visa a salvação. Como pai, Deus educa seus filhos e, quando erram, corrige-os favorecendo o seu crescimento no bem. A provação é enviada para que possam experimentar a amargura de quem abandona Deus, vendo o vazio desolador duma opção de morte. O sofrimento, derivado duma decisão autodestrutiva, deve fazer refletir o pecador para o abrir à conversão e ao perdão. A punição torna-se o instrumento para fazer refletir.

Vemos assim que Deus sempre quer perdoar ao seu povo: Ele não destrói tudo, mas deixa aberta a porta à esperança. O caminho do regresso não passa tanto pela multiplicação das ofertas rituais do culto – que devem exprimir a conversão e não substituí-la – como sobretudo pela prática da justiça. O culto sim, mas oferecido com mãos puras, evitando o mal e praticando o bem.