Filhos de Deus e de Nossa Senhora

Recolhemos textos de Dom Álvaro no qual comenta o mistério da filiação divina, e ainda, sobre como pelas mãos de Nossa Senhora, chegaremos ao seu Filho.

Santos como filhos de Deus em Cristo

São Paulo escreve que ao chegar a plenitude dos tempos, enviou Deus a seu Filho, nascido de mulher (...), para que recebêssemos a adoção de filhos. E porque sois filhos, enviou Deus a nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Abba, Pai! (Gl 4, 4-6). Que palavras mais profundas! Para revelar-nos o mistério da nossa filiação divina, o Apóstolo nos fala do Pai que envia o seu Filho Unigênito, do Filho que se faz homem como nós, do Espírito Santo que vive em nossos corações, e de Santa Maria. Assegura-nos que pela Encarnação do Filho – por Ele – nós fomos elevados à condição de filhos de Deus, com Ele e nEle. Deste modo, se quisermos saber como devemos atuar, qual deve ser a conduta de um filho de Deus, devemos dirigir nossos olhos a Cristo e seguir seus passos (1 Pd 2, 21): imitá-lO.

Devemos considerar que a nossa condição de filhos adotivos não se limita a um título exterior, e que imitar a Cristo não consiste somente em adquirir certa semelhança externa com Ele. Este privilégio, que Jesus ganhou para nós, implica muito mais; por isso, o Apóstolo acrescenta que enviou Deus a nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Abba, Pai! (Gl 4, 6). Encontramo-nos verdadeiramente perante um grande mistério, com o grande papel de protagonistas. Medita-o frequentemente: se o próprio Espírito Santo, o vínculo de união entre o Pai e o Filho, habita em nós, então somos realmente filhos de Deus, estamos unidos a Cristo: vivemos em Cristo.

Somos ipse Christus, o próprio Cristo, estamos identificados com Ele. E, como consequência, fomos chamados a tratar a Deus com a confiança de filhos, e Ele mesmo quer que o invoquemos com ternura Abba! Pai! Que nos abandonemos nEle, que convertamos toda nossa jornada em um diálogo de amor, de petição, de louvor.

Carta pastoral, 24-I-1990.

Por que os santos se apresentam cheios de paz, mesmo no meio da dor, da desonra, da pobreza, das perseguições? A resposta se delineia bem clara: porque procuram identificar-se com a Vontade do Pai do Céu, imitando a Cristo; porque, ante o agradável e ante o desagradável, ante o que requer pouco esforço e ante o que talvez exija muito sacrifício, decidem colocar-se na presença de Deus e afirmar com clara atitude: “Tu o queres, Senhor?... Eu também o quero!” (Caminho, n. 762). Aí está a raiz da eficácia e a fonte da alegria!

Carta pastoral, 1-V-1987.

Da mão maternal de Nossa Senhora

Dirijamo-nos à Mãe de Deus com confiança filial, e Ela vai nos levar ao seu divino Filho. Omnes cum Petro ad Iesum per Mariam: assim percorreremos um caminho que passa necessariamente pelo amor à Igreja e ao Papa. Deixemos em suas mãos a nossa oração – que quer ser universal como o Coração de Jesus –, pedindo pelo Romano Pontífice, pelos bispos e sacerdotes, por todos os outros fiéis cristãos, por todos os homens e todas as mulheres, especialmente pelos que experimentam com maior intensidade a dor e o sofrimento. Que todos nós, guiados pela mão maternal da Virgem Imaculada, avancemos pelo caminho seguro que leva à vida eterna, aquele que Deus tem preparado para os que o amam (cfr. Co 2, 9).

Homilia na solenidade da Imaculada Conceição de Maria. Basílica de Santo Eugênio (Roma), 8-XII-1988. Publicada em “Romana” IV (1988), p. 287.

Vamos com simplicidade, como bons filhos, meter mais a Virgem em tudo e para tudo. Coloquemos os olhos– a mente e o coração – em Maria Santíssima, para aprender a viver, como nos dizia nosso Padre [São Josemaria], “de acordo com a Sabedoria celestial”; e assim chegaremos a ser almas capazes de agradecer e capazes de reparar.

Carta pastoral, 9-I-1978.