Entre o trabalho e a família

Fábio Henrique de Toledo é Juiz de Direito em Campinas, pai de 8 filhos e membro do Opus Dei. Também é colunista do Correio Popular de Campinas e de outros jornais. Nesta entrevista, fala como concilia a sua vida profissional, a prática cristã e a dedicação à família.

Fábio com a sua esposa e filhos

Você é pai de uma família numerosa. Como é a vida de uma família assim?

É maravilhosa, ainda que implique muitos esforços. Com muitos filhos passamos por constantes dificuldades econômicas. Porém, por outro lado, é indescritível a emoção de chegar a casa e ser saudado por tantas e tão felizes crianças. A Ana Cecília (2 anos) é a caçula, e sempre se esconde atrás da porta para me pregar um susto. Por isso, procuro sempre trazer um objeto não quebrável a mão para simular um susto ao entrar. O Rafinha (4 anos) se atira no meu colo com um brilho nos olhos denunciando a sua satisfação e alegria pela chegada do pai. A Maria Clara (6 anos) e a Gabi (7 anos) também me recebem de uma forma muito calorosa. Depois, temos ainda o José Filipe (10 anos), o João Lucas (11 anos), o Pedro Henrique (13 anos) e a Carol (16 anos). Quanto aos maiores, é fantástico ver como vão apreendendo as virtudes que tentamos lhes forjar, ainda que com muito esforço.

Como o Opus Dei te ajuda na vida familiar?

Fábio com a sua esposa e filhos

O Opus Dei me proporcionou direta ou indiretamente tudo o que sei e faço sobre educação dos filhos. Diretamente pelos meios de formação da Obra, nos quais muito se aprende sobre como educar os filhos e sobre como ser cada vez mais dedicado à esposa. E também indiretamente, porque muitas pessoas – inspiradas pelos ensinamentos de São Josemaria – promovem iniciativas para casais (cursos, palestras, p.ex.), que me ajudaram e continuam me ajudando na educação dos meus filhos.

E, nos momentos de dificuldades – que também passamos –, procuramos recorrer à intercessão de São Josemaria, que sempre nos atendeu.

E no seu trabalho como Juiz de Direito? O que a mensagem do Opus Dei tem a dizer?

O Opus Dei me ajuda no trabalho de muitas formas. Uma delas é o plano de vida. Na Obra aprendi que é muito bom programarmos o nosso dia, reservando um tempo para Deus, para estar com Ele (fazer oração, assistir à Santa Missa), para o trabalho, para a família e para os amigos. Esforçando-se por cumprir o plano de vida, encontramos tempo para tudo e, com isso, crescemos em amizade com Deus, dedicamo-nos aos nossos amigos e familiares, sem descuidar do nosso trabalho profissional.

A Obra também me ajuda no meu dia-a-dia como juiz porque ali aprendi que, para oferecer o meu trabalho a Deus, devo fazê-lo bem feito, devo santificá-lo. Com isso, além dos frutos sobrenaturais, o próprio trabalho acaba saindo melhor.

Mas como conciliar o trabalho de juiz com as práticas de piedade? Você consegue assistir à Santa Missa todos os dias?

Graças a Deus, consigo assistir à Santa Missa todos os dias. E também rezo o terço, faço um pouco de oração, leio o Evangelho e algum livro espiritual. Para conseguir conciliar todas as minhas atividades, procuro fazer um planejamento do meu dia e me esforçar por viver a virtude da ordem, o que não é fácil, mas também não é impossível. A verdade é que Deus nos ajuda muito nesse aproveitamento do tempo: Ele nos ajuda a fazer rendê-lo.

Como você conheceu o Opus Dei?

Conheci o Opus Dei quando eu trabalhava como funcionário do Tribunal de Justiça. Um grande amigo meu, que não é da Obra, me convidou a assistir a um recolhimento num Centro da Obra. Aceitei o convite porque admirava – e ainda admiro – essa pessoa. As palavras do sacerdote me tocaram muito fundo. Trouxeram-me de volta doces lembranças que tinha da minha infância, quando assistia à Santa Missa com frequência e participava de movimentos católicos na minha cidade. Após anos afastado de Deus e da Igreja, foi no Opus Dei que recobrei a minha fé.