O porquê de cada trabalho muda a forma de trabalhar

O prelado do Opus Dei participou de um congresso sobre o trabalho na Pontifícia Universidade da Santa Cruz. Oferecemos algumas frases da sua apresentação oral, durante o colóquio acadêmico, que durou uma hora.

Mons. Fernando Ocáriz ouve uma pergunta durante o colóquio.

O congresso interdisciplinar sobre o trabalho foi organizado pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma) por ocasião dos 500 anos da Reforma Protestante.

Monsenhor Ocáriz, grão-chanceler e ex-professor da Universidade, começou suas reflexões a partir da pergunta: o que significa realmente santificar o trabalho? “No contexto da santificação da vida diária”, disse, “o trabalho ocupa um lugar muito importante; não só pelo tempo que dedicamos a ele, que é muito, mas pelas consequências que traz para a pessoa e para os outros. Trabalho e família são, ao lado da relação com Deus, as colunas onde se apoia o projeto de Deus para a humanidade, como se relata no livro do Gênesis”.

Partindo de uma cena do filme There be dragons, em que se representa São Josemaria no momento da fundação do Opus Dei, o prelado explicou como o Senhor fez o fundador ver o valor santificante do trabalho: “Nesse momento do filme [São Josemaria] é mostrado escrevendo as palavras todos e tudo. Todos chamados à santidade; todas as realidades humanas honestas, todos os trabalhos podem e devem ser caminho, meio de santidade, de encontro com Jesus Cristo. Santificar o trabalho, qualquer trabalho honesto, é fazê-lo por Deus e pelos outros, o que exige fazê-lo bem. O trabalho nasce do amor e conduz ao Amor em todas as circunstâncias da vida”.

Santificar o trabalho, qualquer trabalho honesto, é fazê-lo por Deus e pelos outros, o que exige fazê-lo bem

Seguindo umas palavras de São Josemaria (“Põe um motivo sobrenatural na tua atividade profissional de cada dia, e terás santificado o trabalho”), comentou que “não se trata de adicionar um detalhe piedoso. Trata-se da finalidade: o porquê e para quê se trabalha, que determina a própria maneira de trabalhar. E qual é esse motivo sobrenatural? É o amor a Deus e o serviço aos outros”.

Vários dos seus comentários se referiram a um vídeo sobre o trabalho e São Josemaria que havia sido projetado antes:

Depois começou uma série de comentários e perguntas dos participantes do congresso. Por exemplo, um professor universitário mencionou uma conversa com um colega luterano sobre se a santificação do trabalho se refere só à relação pessoal com Deus ou se realmente muda o trabalho.

Quando São Josemaria começava a trabalhar, dizia a Jesus: ‘vamos fazer isso juntos

Mons. Ocáriz comentou: “Uma coisa se torna santa na medida em que é oferecida a Deus. As coisas deste mundo já são de Deus, mas através da nossa liberdade adquirem uma nova dimensão. Com a nossa liberdade, o próprio trabalho, mesmo a sua materialidade, pode tornar-se santo, mais Deus”.

Também lembrou que “quando São Josemaria começava a trabalhar, dizia a Jesus – com ou sem palavras – ‘vamos fazer isso juntos’. Toda a realidade cristã está sempre em Cristo; não há outro caminho para alcançar a Deus”.

Uma participante perguntou como descobrir aquele algo divino que está em todas as coisas a que o fundador do Opus Dei se refere, quando as tarefas são tão diversas como ser professora universitária e mãe de uma família. “Descobrir em tudo uma expressão do amor de Deus por nós: nas pessoas, nas circunstâncias, na materialidade das tarefas, nas contrariedades. São João escreve, fazendo um resumo da experiência dos apóstolos nas suas relações com Cristo: “Nós conhecemos e acreditamos no amor que Deus tem para conosco”. Descobrir o quid divinum é ver os outros como criaturas que Deus ama; ver, também nas dificuldades que não entendemos, o amor escondido de Deus”.