História da aparição da imagem

Com ocasião do Ano Nacional Mariano, e como forma de preparação para a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, oferecemos este artigo que conta a história da aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, em comemoração aos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil, nas águas do rio Paraíba do Sul, instituiu o Ano Nacional Mariano, que se iniciou no dia 12 de outubro de 2016 e se concluirá no dia 11 de outubro de 2017.

Será um ano “para celebrar, fazer memória e agradecer”[1] o imenso dom de Deus ter oferecido ao Brasil a sua própria Mãe. O Ano Mariano vai, certamente, fazer crescer ainda mais o fervor da devoção à Nossa Senhora e a alegria de colocar em prática o conselho de Maria: fazei tudo o que Ele vos disser (cf. Jo. 2,5).

Podemos ter neste ano muitas manifestações de afeto filial com a Virgem Maria.

São Josemaria “assegurava-nos que se pode comparar a nossa vida, sendo nós homens duros e fortes, à de uma criança pequena – tê-lo-eis visto tantas vezes – a quem levam para passear pelo campo e que recolhe uma florzinha, e outra, e outra. Flores pequenas e humildes, que passam inadvertidas aos adultos, mas que ela – como é criança – vê e as reúne até formarem um ramalhete, para oferecê-lo à sua mãe, que a olha com olhar de amor”[2].

São Josemaria com piedade e confiança de filho, dirigia-se todos os dias a Nossa Senhora com as orações que aprendeu quando era pequeno: frases ardentes e singelas, dirigidas a Deus e à sua Mãe, que é nossa Mãe. Ainda hoje, de manhã e à tarde, não um dia, mas habitualmente, renovo o oferecimento de obras que os meus pais me ensinaram: Ó Senhora minha, ó minha Mãe! Eu me ofereço todo a Vós. E, em prova do meu filial afeto para convosco, vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração…Não será isto – de certa maneira – um princípio de contemplação, demonstração evidente de confiado abandono? [3]

Azulejos que representação a aparição de Nossa Senhora Aparecida, de Marco Funchal

Para ajudar a viver o Ano Nacional Mariano, podemos recordar a história da aparição da pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição, feita de terracota, nas redes lançadas nas águas do Rio Paraíba do Sul por três pescadores; os principais milagres ocorridos pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida; e, também, a romaria de São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, à antiga Igreja, onde se encontrava, então, a imagem.

Como é sabido, em alguns outros lugares do mundo, como por exemplo, em Fátima e Lourdes, Nossa Senhora deixou-nos mensagens através dos videntes das suas aparições. Cabe-nos perguntar: Maria teria alguma mensagem a nos deixar em Aparecida?

Como, em Aparecida, Nossa Senhora não se manifestou, propriamente, a algum vidente, somente podemos desvendar suas mensagens através da interpretação dos sinais que Maria nos deixou.

Começaremos recordando a história do encontro da famosa imagem.

Segundo os relatos[4], a aparição da imagem ocorreu entre os dias 17 e 30 de outubro de 1717, quando Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conde de Assumare governante da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, estava de passagem pela cidade de Guaratinguetá, no vale do Paraíba, durante uma viagem até Vila Rica.

O povo de Guaratinguetá decidiu fazer um banquete em homenagem à presença de Dom Pedro de Almeida, onde seria servido ao governador peixes recém pescados no Rio Paraíba. Os pescadores Domingos Alves Garcia, seu filho João Alves e seu cunhado Filipe Pedroso receberam a missão de realizar tal pesca.

Os pescadores rezaram à Virgem Maria e pediram a ajuda de Deus para a pesca. As horas se passavam, e após várias tentativas infrutíferas, desceram o curso do rio até chegarem ao Porto Itaguaçu. Eles já estavam desistindo quando João Alves jogou sua rede novamente e, em vez de peixes, apanhou o corpo de uma imagem da Virgem Maria, sem a cabeça. Ao lançar a rede novamente, apanhou a cabeça da imagem, que lhe encaixava perfeitamente.

- “A Virgem está conosco!”, foi o grito de João aos seus companheiros.

A partir daquele momento, lançaram novamente as redes no rio Paraíba e apanharam tantos peixes que se viram forçados a retornar ao porto, uma vez que, devido à pesca milagrosa, havia a ameaça de virem a naufragar.

Felipe Pedroso, o mais idoso, levou para casa a imagem, diante da qual, ele e a família começaram a rezar. Aos poucos o povo começou a afluir em grande quantidade à pequena casa do pescador, a fim de pedir graças e milagres à Virgem Maria que “apareceu” nas águas do rio. Assim começou a devoção à Padroeira do Brasil.

Encontramos, neste relato, já alguns sinais através dos quais a Virgem Maria pode nos falar: a pesca milagrosa realizada com a imagem de Maria no barco; o banquete de peixes, salvo pela intercessão de Maria; e o próprio fato de que a imagem encontrada ser a da Imaculada Conceição. Destes sinais, por exemplo, podemos tirar as seguintes mensagens: Nossa Senhora quer que contemos com a sua poderosa intercessão no apostolado no Brasil; A Virgem Maria, mãe de misericórdia, está atenta até às nossas mínimas necessidades; devemos imitar o exemplo de nossa Mãe espiritual procurando ser santos e imaculados na presença de Deus...

Novena completa em formato pdf


[1] CNBB, Mensagem à Igreja Católica no Brasil, 1º de agosto de 2016.

[2] São Josemaria, Carta de 24-3-1930, n. 13, citado em Carta do Prelado, maio de 2014.

[3] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 296.

[4] Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (anterior a 1743) e no Arquivo da Companhia de Jesus, em Roma: a história registrada pelos padres José Alves Vilela, em 1743, e João de Morais e Aguiar, em 1757, cujos documentos se encontram no Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá.

Flávio Sampaio