A transfiguração do Senhor 2

“Senhor nosso, aqui nos tens dispostos a escutar tudo o que queira dizer-nos. Fala-nos, estamos atentos à tua voz” (São Josemaría, Santo Rosário, Apêndice). Textos do fundador do Opus Dei sobre o quarto mistério da luz.

A Transfiguração

EVANGELHO DE SÃO MATEUS:

Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele. Pedro tomou então a palavra e disse-lhe:

— Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias.

Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia:

—Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o.

Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo. Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo:

— Levantai-vos e não temais.

Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus. E, quando desciam, Jesus lhes fez esta proibição:

— Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.

Mt 17, 1-9 TEXTOS DE SÃO JOSEMARÍA:

E transfigurou-se diante deles, de modo que o seu rosto se tornou resplandecente como o sol, e as suas vestes brancas como a luz (Mt 16,2). Jesus: ver-Te, falar contigo! Permanecer assim, contemplando-Te, abismado na imensidade da tua formosura, e não cessar nunca, nunca, nessa contemplação! Oh, Cristo, quem Te pudesse ver! Quem Te pudesse ver, para ficar ferido de amor por Ti!

E uma voz vinda da nuvem disse: Este é o meu Filho, o Amado, em quem tenho as minhas complacências: escutai-o (Mt 17, 5). Senhor nosso, aqui nos tens dispostos a escutar tudo o que queira dizer-nos. Fala-nos, estamos atentos à tua voz. Que as tuas palavras, caindo na nossa alma, abrasem a nossa vontade para que se lance fervorosamente a obedecer-Te.

Vultum tuum, Domine, requiram (Sl 26, 8), buscarei, Senhor, o teu rosto. Encanta-me fechar os olhos e pensar que chegará o momento, quando Deus quiser, em que poderei vê-lo, não como em um espelho, e sob imagens obscuras..., mas face a face (1 Cor 13, 12). Sim, o meu coração está sedento de Deus, do Deus vivo: quando irei e contemplarei a face de Deus? (Sl 41, 3).

Santo Rosário, Apêndice, 4º mistério da luz Contemplativos na vida cotidiana

No Ano do Rosário, João Paulo II convidou os jovens a conhecer e amar a Cristo através de Maria e rezando o rosário

Nunca compartilharei a opinião – embora a respeite – dos que separam a oração da vida ativa, como se fossem incompatíveis.

Nós, os filhos de Deus, temos de ser contemplativos: pessoas que, no meio do fragor da multidão, sabem encontrar o silêncio da alma em colóquio permanente com o Senhor; e olhá-Lo como se olha para um Pai, como se olha para um Amigo, a quem se ama com loucura.

A nossa condição de filhos de Deus há de levar-nos – insisto – a ter espírito contemplativo no meio de todas as atividades humanas – luz, sal e fermento, pela oração, pela mortificação, pela cultura religiosa e profissional –, tornando realidade este programa: quanto mais dentro do mundo estivermos, tanto mais temos que ser de Deus.

Forja, 738 e 740

Persuadi-vos de que não é difícil converter o trabalho num diálogo de oração. É só oferecê-lo e pôr mãos à obra, que já Deus nos escuta e nos alenta. Alcançamos o estilo das almas contemplativas, no meio do trabalho cotidiano! Porque nos invade a certeza de que Ele nos olha, ao mesmo tempo que nos pede um novo ato de auto-domínio: esse pequeno sacrifício, o sorriso para a pessoa inoportuna, esse começar pela tarefa menos agradável, mas mais urgente, o cuidar dos pormenores de ordem, com perseverança no cumprimento do dever, quando seria tão fácil abandoná-lo, o não deixar para amanhã o que temos que terminar hoje: tudo para dar gosto a Ele, ao nosso Pai-Deus! E talvez sobre a tua mesa, ou num lugar discreto que não chame a atenção, mas que te sirva como despertador do espírito contemplativo, colocas o crucifixo, que já é para a tua alma e para a tua mente o manual em que aprendes as lições de serviço.

Se te decides – sem esquisitices, sem abandonares o mundo, no meio das tuas ocupações habituais – a enveredar por estes caminhos de contemplação, logo te sentirás amigo do Mestre, com a divina incumbência de abrir as sendas divinas da terra à humanidade inteira. Sim. Com esse teu trabalho, contribuirás para a extensão do reinado de Cristo em todos os continentes. E suceder-se-ão, uma após outra, as horas de trabalho oferecidas pelas longínquas nações que nascem para a fé, pelos povos do Oriente impedidos barbaramente de professar com liberdade as suas crenças, pelos países de antiga tradição cristã, onde parece ter-se obscurecido a luz do Evangelho e as almas se debatem entre as sombras da ignorância... Então, que valor não adquire essa hora de trabalho!, esse continuar com o mesmo empenho por mais algum tempo, por mais alguns minutos, até terminar a tarefa! De um modo prático e simples, convertes a contemplação em apostolado, como uma necessidade imperiosa do coração, que pulsa em uníssono com o dulcíssimo e misericordioso Coração de Jesus, Senhor Nosso.

Amigos de Deus, 67