27 de abril: João Paulo II e João XXIII, santos

No próximo 27 de abril, o Papa Francisco canonizará na Praça de São Pedro a João Paulo II e João XXIII. Publicamos alguns fatos, textos e orações para a devoção aos futuros santos.

Biografias de João XXIII e de João Paulo II

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Oração para pedir a intercessão de João XXIII

Dou graças a Deus porque desde sempre te escolheu para tão altos mistérios, e te adornou com as virtudes da caridade, pobreza, humildade e obediência.

Peço-te que nos alcance a paz para todos os povos, a unidade das igrejas, a caridade para todos os homens.

Tu, o Papa Bom, ajuda-nos a viver como verdadeiros filhos de Deus, como fiéis discípulos de Jesus e apóstolos de sua palavra. Peço-te de modo especial por todas as famílias para que sejam santuário de vida e amor, bendize-as e livra-as de todo mal.

Intercedei por todos nós em união com nossa Mãe Santíssima. Amém.

Oração para pedir a intercessão de João Paulo II

Ó Trindade Santa,

Nós Vos damos graças por ter concedido à Igreja o Papa João Paulo II e porque nele refletiste a ternura de Vossa paternidade, a glória da cruz de Cristo e o esplendor do Espírito de amor.

Ele, confiando totalmente em Vossa infinita misericórdia e na maternal intercessão de Maria, nos mostrou uma imagem viva de Jesus Bom Pastor, indicando-nos a santidade, alto grau da vida cristã ordinária, como caminho para alcançar a comunhão eterna convosco.

Concedei-nos por sua intercessão, e se for da Vossa vontade, o favor que imploramos, com a esperança de que seja prontamente incluído no número de teus santos.

Amém.

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Fatos de João XXIII

Quando lançaram o primeiro foguete à Lua com sua alunissagem, os jornais publicaram a notícia com grande impacto e títulos sensacionalistas espetaculares. O Papa João XXIII limitou-se a comentá-lo com seus íntimos, movendo lentamente a cabeça enquanto exclamava várias vezes:

“Há tanto que fazer na Terra! Há tanto que fazer!”

Contava um bispo francês que, ao final da primeira sessão do concílio, um dia falou com João XXIII sobre o discurso de abertura, e o Papa lhe dizia:

“A verdade é que no discurso de abertura que dirigi aos bispos ao começar o concílio, não havia visto tantas coisas como depois, estudando-o, os bispos encontraram. Sem dúvida, agora quando o releio, eu também as encontro...Vê-se que o Espírito Santo é mais esperto que todos nós”.

Um dia regressava ao Vaticano com seu secretário depois de visitar um asilo de idosos e de ter-lhes presenteado com algumas lembranças. Ao passar diante de uma casa, o secretário mostrou-a e disse: “Santidade, nesta casa vive o professor Lolli, redator do Observatório Romano. Sua esposa está muito doente. Não poderia enviar-lhe uma benção?”

O Papa contestou:

“È difícil mandar uma benção pelo ar, Dom Loris. Não é melhor levá-la pessoalmente?”

E, sem avisar, como tantas vezes fazia, estava batendo à porta do editor do diário para levar-lhe a benção em pessoa...

No princípio de seu pontificado, João XXIII teve que posar para os fotógrafos, para que estes fizessem as fotografias oficiais do novo Papa. Em uma ocasião, imediatamente depois de posar ante as câmaras, recebeu em audiência a monsenhor Fulton Sheen, que era um bispo muito conhecido nos Estados Unidos porque pregava na televisão. Ao saudá-lo, João XXIII lhe disse com toda simplicidade: “Olhe, Deus nosso Senhor já sabia muito bem, há setenta e sete anos, que eu haveria de ser Papa. Não poderia fazer-me mais fotogênico?”

Contam que em sua primeira noite como Pontífice pediu ao cardeal Nasalli que ficasse para jantar com ele. Porém o purpurado lhe disse que era costume que os papas comessem sozinhos, ao que o recém eleito respondeu: “

Tão pouco como Papa vão deixar-me fazer o que me dá na telha!”.

O cardeal, aceitando o convite perguntou:

“Santidade, posso trazer champanhe?”

. João XXIII respondeu:

“Sim, por favor, porém não me chame de Santidade, porque cada vez que assim o faz me parece que está me provocando!”.

Fatos de João Paulo II

Em sua última celebração do Corpus Christi que presidiu em 2004, o Papa já não podia andar, de forma que teve de fixar sua cadeira à plataforma do veículo colocado para a procissão. Diante dele, sobre o genuflexório, exibia-se o ostensório com o Santíssimo Sacramento. Pouco depois da partida, João Paulo II dirigiu-se a um dos mestres de cerimônias e lhe perguntou se podia ajoelhar-se. Com delicadeza, este explicou que era demasiado arriscado, dado que o percurso era bastante acidentado e isso diminuía a estabilidade do veículo. Passados alguns minutos o Papa repetiu:

“Queria ajoelhar-me”.

Responderam-lhe que esperasse que o piso ficasse melhor. Uns instantes depois disse:

“Ai está Jesus, por favor!”

Os dois mestres de cerimônia o ajudaram a ajoelhar-se no genuflexório. Como não podia sustentar-se com as pernas, o Papa tentou segurar aferrando-se a borda do carro, porém, quase de imediato, tiveram que sentá-lo novamente na cadeira.

Conta o Cardeal Coppa, sobre uma viajem do Papa à República Checa no ano de 1995, quando já começava a usar bengala por causa de sua saúde: “A primeira noite daquela viagem, após voltar do jantar com os bispos, desceu à capela do Santíssimo. As irmãs haviam preparado para ele um grande genuflexório, porém preferiu rezar em um dos bancos habituais. Eu o acompanhava, esperando-o fora da capela. Cheguei em seguida, quando já estava ajoelhado. Antes de entrar escutei uma música diferente, e quando abri silenciosamente a porta, escutei como, ajoelhado no banco, cantava ante o tabernáculo. Nunca esqueci este delicado canto, que era como um colóquio de amor com Cristo...”

Um dia, D. Álvaro Del Portillo, Prelado do Opus Dei, esperava para ser recebido em audiência por João Paulo. Ao ouvi-lo chegar, notou que arrastava os pés. O Prelado comentou:

“Que cansado estás, Santidade!”.

Ao que o Papa replicou de imediato: “Se a estas horas da noite o Papa não estivesse cansado seria porque hoje não havia cumprido com seu dever”.

Em 1994, a revista TIME nomeou João Paulo II como “Homem do ano”. Seu porta-voz mostrou-lhe a capa da revista e o Papa a devolveu. Seu assessor a mostrou de novo e o Papa de novo a devolveu. “Santidade, não gosta da revista?, perguntou-lhe. “Talvez – disse – é que gosto demais”.

Em 2001 o Papa realizou uma viagem histórica à Grécia, onde pode reunir-se com os bispos ortodoxos. Em um dos encontros com o Arcebispo de Atenas, Sua Beatitude Christodoulos, João Paulo comentou que tinha um grande desejo de rezar o Pai Nosso com ele em grego, e ele também quis, e o rezaram juntos em voz alta. Este gesto importante – fazia dez séculos que não acontecia algo assim – não foi de improviso: o Papa, antes da viagem, havia recitado durante vários dias o Pai Nosso em grego, para aprende-lo.

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O “Decálogo da serenidade” de João XXIII

1. Só por hoje, tratarei de viver exclusivamente o dia, sem querer resolver o problema de minha vida de uma vez.

2. Só por hoje, terei o máximo cuidado com meu aspecto; tratarei de ser cortês; de não criticar a ninguém e nem pretender disciplinar a ninguém, senão a mim mesmo.

3. Só por hoje serei feliz na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo, mas neste também.

4. Só por hoje, me adaptarei as circunstâncias, sem querer que as circunstâncias se adaptem aos meus desejos.

5. Só por hoje, dedicarei trinta minutos de meu tempo a uma boa leitura recordando que assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, a boa leitura, é necessária para minha mente e espírito.

6. Só por hoje, farei uma boa ação a favor de alguém e que somente eu saberei.

7. Só por hoje, farei duas ações positivas que não sejam de meu agrado e procurarei que ninguém saiba.

8. Só por hoje, farei pelo menos uma coisa que não desejo fazer; e se me sentir ofendido em meus sentimentos, procurarei que ninguém saiba.

9. Só por hoje, farei um programa detalhado. Talvez não o cumpra inteiramente, porém o escreverei. E tomarei cuidado de duas calamidades, a pressa e a indecisão.

10. Só por hoje, não terei temores, não terei medo de gozar do que é belo e de crer na bondade. Posso fazer durante um dia o que me desencorajaria se pensasse ter de fazê-lo durante toda a minha vida.

Oração de João Paulo II ao Espírito Santo

Espírito Santo, doce hóspede da alma, mostra-nos o sentido profundo do grande Jubileu e prepara nosso espírito para celebrá-lo com a fé, na esperança que não defrauda, na caridade que não espera recompensa.

Espírito de verdade, que conhece as profundezas de Deus, memória e profecia da Igreja, dirigi a Humanidade para que reconheça em Jesus de Nazaré o Senhor da glória, e Salvador do mundo, a culminação da história.

Vem, Espírito de amor e de paz.

Espírito criador, misterioso artífice do Reino,

guia a Igreja com a força de seus santos dons para cruzar com valentia o umbral do novo milênio e levar às gerações vindouras a luz da Palavra que salva.

Espírito de santidade, alento divino que move o universo, vem e renova a face da terra. Suscita nos cristãos o desejo da plena unidade para ser verdadeiramente no mundo sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade do gênero humano.

Vem, Espírito de amor e de paz.

Espírito de comunhão, alma e sustento da Igreja, faz que a riqueza dos carismas e ministérios contribua para a unidade do Corpo de Cristo, e que os leigos, os consagrados e os ministros ordenados colaborem juntos na edificação do único Reino de Deus.

Espírito de consolo, fonte inesgotável de gozo e de paz, suscita solidariedade para com os necessitados, dá aos enfermos o alento necessário, infunde confiança e esperança nos que sofrem, acrescenta em todos o compromisso por um mundo melhor.

Vem, Espírito de amor e de paz.

Espírito de sabedoria, que ilumina a mente e o coração, orienta o caminho da ciência e da técnica ao serviço da vida, da justiça e da paz. Torna fecundo o diálogo com os membros de outras religiões, e que as diversas culturas se abram aos valores do Evangelho.

Espírito de vida, pelo qual o Verbo se fez carne no seio da Virgem, mulher do silencio e da escuta, faz-nos dóceis às demonstrações de teu amor e sempre dispostos a acolher os sinais dos tempos que Tu pões no curso da História.

Vem, Espírito de amor e de paz.

A Ti, Espírito de amor, junto com o Pai onipotente e o Filho unigênito, louvor, honra e glória pelos séculos dos séculos.

Amém.